sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Yakushima, paraíso do verde e das águas

Yakushima: O paraíso japonês
Ilha onde chove “35 dias por mês” tem cedros com mais de 16 metros de circunferência

    A 60 quilômetros da península de Kagoshima, no extremo sul da ilha de Kyushu, Yakushima, com pouco mais de 500 km² de extensão, é refúgio de espécies endêmicas, ou seja, que só são encontradas nesta região. No meio do terreno de formato pentagonal, fica o monte Miyanoura, com 1.936 metros de altura e que é chamado de “Alpes sobre o mar”.

    As montanhas formam paredões que impedem o avanço dos ventos úmidos vindos do oceano, responsáveis por chuvas intensas o ano todo. Diz-se que chove “35 dias por mês” em Yakushima. Brincadeiras à parte, nas áreas planas, a precipitação anual é de 3.000 a 4.000 milímetros de chuva e, nas montanhas, pode chegar a 10 mil milímetros. A temperatura média no verão é de 30°C e, no inverno, não costuma ficar abaixo dos 8°C; porém, nas montanhas, chegam a acumular até 60 centímetros de neve no inverno e, mesmo no verão, as temperaturas são bem baixas.

Jomon Sugi teria entre 2.600 a 7.200 anos
Bosque de Mononoke Hime

    O clima diferente de outras partes do Japão aliado ao isolamento do continente permitiu o surgimento do yakusugi, um tipo de cedro japonês (criptoméria) só encontrado na ilha. Comparado à espécie comum, o yakusugi é mais longevo: muitos exemplares passam dos 1.000 anos, quase o dobro do tipo comum. Como o solo de Yakushima é formado basicamente de granito, com pouca terra, seu crescimento é lento e, por ser uma região de muita chuva, é rico em resina, o que torna a madeira resistente à umidade.

    Os cedros naturais só são encontrados em locais que ficam ao menos 500 metros acima do nível do mar. Assim, quem quiser fazer as trilhas para ver as árvores milenares, deve estar preparado para enfrentar frio e chuva. No monte Miyanoura, fica a árvore mais famosa, Jomon Sugi. Estima-se que ela tenha de 2.600 a 7.200 anos. A trilha de acesso a essa árvore leva de oito a dez horas de caminhada, ida e volta. Cada trecho tem 11 quilômetro – cerca de 8 quilômetros seguindo uma antiga estrada de ferro. Ao final do caminho, encontra-se a árvore milenar com 25,3 metros de altura e 16,4 metros de circunferência.

    Quem quiser observar as árvores milenares, mas não tem preparo físico para tanto, pode ir ao Yakusugi Land, que fica a 16 quilômetros da vila de Anbou, e tem fácil acesso de carro. Através de passarelas que cortam o parque de 270 hectares podem ser feitos trajetos de 30 a 150 minutos de duração. No parque, fica o Buddha Sugi, com 1.800 anos de idade e oito metros de circunferência. Além disso, o turista que tiver sorte poderá encontrar os macacos e veados Yaku (yakuzaru e yakujika). Eles são um pouco menores que as espécies que habitam o resto do Japão.

    O cânion Shiratani Unsui foi visitado diversas vezes pelo diretor de filmes de animação Hayao Miyazaki para a ambientação do longa Princesa Mononoke. O cânion faz parte do vale do rio Miyanoura, na porção norte da ilha. O calçamento de granito foi feito no período Edo (séculos 17 a 19), quando o corte de cedros era intenso para produção de madeira enviada para Edo (atual Tóquio). Por causa da chuva e da umidade, os troncos das árvores e pedras estão cobertas por musgo, que, junto com a bruma, criam uma paisagem única, a qual Miyazaki soube traduzir como poucos para a animação.

    Por causa das árvores milenares e seu rico ecossistema, com mais de 1.900 espécies, o monte Miyanoura e os bosques de cedros foram declarados patrimônio natural pela Unesco, em 1993.

Cânion de Shiratani Unsui inspirou Hayao Miyazaki
para compor o cenário do longa Princesa Mononoke
Praias e cachoeiras

    Apesar de seus 132 quilômetros de circunferência, a ilha de Yakushima tem poucas praias, já que suas terras terminam em costões e despenhadeiros, em função de sua formação geológica. Mas as poucas praias revelam águas azuis e verdes cristalinas e areias brancas.

     A praia Nagata Inaka Hama é conhecida por ser berçário de tartarugas. Nos meses de maio a julho, as fêmeas chegam à praia para botar os ovos. Há relatos de que até 20 tartarugas desovam nessa praia em uma só noite. Os filhotes nascem em agosto. A praia de 800 metros é protegida pela Convenção de Ramsar, para preservar aves raras. Ela fica no noroeste da ilha.

     As águas da praia de Issou, também no noroeste da ilha, foram consideradas as mais limpas da província. É um conhecido ponto de mergulho para observação de peixes e corais. Na porção sudoeste de Yakushima há a praia de Kurio, com água azul-turqueza transparente e areia branca.

     Por causa da pequena faixa de areia natural, foi criada a praia artificial de Haruta Hama, na vila de Anbou. Ela aproveita as rochas para formar uma piscina natural. As pedras da orla ficam submersas na maré cheia e, quando a água baixa, os peixes ficam presos nas poças que se formam – é possível observar o colorido da vida marinha sem equipamento.

   A água abundante corre pelos rios que cortam a ilha, formando diversas cachoeiras. A de Senpiro desce em uma imensa placa de granito. A queda de 60 metros fica a 30 minutos de carro da vila de Anbou. Já a de Ookawa pode ser vista bem de perto. A queda tem 88 metros e forma um lago verde-esmeralda. Ela é considerada uma das 100 mais belas cachoeiras do Japão. Outra de apenas seis metros de altura chama a atenção: é a cachoeira de Torooki. O rio Tai (Tainokawa) termida com essa queda direto no mar, numa baía repleta de peixes. É uma das duas únicas cachoeiras que caem direto no mar. De vez em quando, a baía recebe a visita de golfinhos.

   Como se tudo isso não bastasse, Yakushima também possui diversas termas, que relaxam o corpo após horas de caminhada. Há banhos em hotéis, com instalações completas, até banhos naturais, ao lado do mar, com acesso livre. Muito verde, cachoeiras, praias paradisíacas e banhos relaxantes: se o paraíso não é aqui, onde ficaria então?

(Texto: Yoko Fujino/NB  - Fotos: ©Kagoshima Prefectural Tourist Federation/©JNTO)

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