quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Hugo Hoyama: O atleta brasileiro de descendência nipônica


Tive um contato muito grande com meus avós desde criança, principalmente com meus avós maternos, que moravam comigo. Meu avô materno, Takeo, faleceu em 2001, mas minha avó, Kanako, vive lá em casa até hoje e a gente se dá muito bem. Como eu falo japonês e sou o neto mais velho, ela gosta muito de mim.


Depoimento à jornalista Kátia Arima


     Minha avó Kanako tem 84 anos, mas está muito lúcida. Até outro dia ela dançava odori (dança japonesa), mas por causa de um problema no joelho, teve de parar. Está sempre ativa, fazendo sushis, cuidando da casa. Eu ficava triste quando eles me contavam que, no Japão, muitos idosos fugiam de casa para não dar trabalho aos filhos. Tenho um carinho muito grande pelos meus avós e gosto muito de cuidar deles. Aprendi muito com eles.

    Sobre a história da imigração dos meus avós para o Brasil, sei muito pouco. Só sei que a situação deles era difícil lá e eles vieram trabalhar na lavoura, atividade que meu pai segue até hoje. Lá em casa tem um hotokessamá, que é um templo, onde você põe foto dos parentes que já morreram, acende incenso para eles. Ouço todo dia minha avó tocando o sino. Ela reza sempre. Acho muito bonito isso na cultura japonesa, que valoriza os antepassados. Toda vez que eu volto de viagem, eu vou lá e rezo pelos parentes que já se foram, pois sei que eles estão me protegendo e torcendo por mim lá de cima.


    Carrego sempre comigo um livro de orações que meus avós me deram. Eles pediram que eu o levasse para onde eu fosse, então eu guardo na minha raqueteira. Acho que as orações são budistas, não sei, não consigo ler nem 20% do que está escrito, pois é uma linguagem muito antiga. Mas, para mim, o importante é que o livro veio das mãos dele e que me protege onde eu estiver.

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