Durante a Convenção Internacional da Baleia, o grupo liderado por Brasil e Argentina propôs a criação de um santuário no Oceano Atlântico. Proposta foi considerada "inadmissível" pelos países baleeiros
Da revista Época
TEMPORADA DE CAÇA: Países favoráveis à exploração de baleias impedem votação da proposta que cria um santuário no Atlântico Sul. Foto: WSPA |
A criação de um santuário no Atlântico Sul para proteger as baleias da caça ilegal foi barrada nesta quinta-feira, na Convenção Internacional da Baleia (CIB), em Jersey, no Reino Unido. A proposta, que cria um vasto santuário para 54 espécies de baleias, foi defendida pelo Brasil, mas enfrentou forte resistência dos países que apoiam a caça a baleias, como Japão, Islândia e Noruega.
A proposta foi apresentada pelo Grupo Buenos Aires - bloco formado por 14 países da América Latina, liderado por Brasil e Argentina. Na manhã desta quinta-feira, último dia de debates, o grupo pediu que a proposta fosse analisada e resolvida. No entanto, não houve consenso entre os países, e o bloco liderado por Japão e Islândia se retirou da reunião, bloqueando a votação.
A criação de um santuário no Atlântico Sul fazia parte de uma proposta maior, negociada nas últimas reuniões da CIB, e que incluía uma redução do programa japonês de caça às baleias. Os japoneses consideravam a criação de um santuário como uma concessão nas negociações, mas com o fracasso do acordo, se recusaram a negociar o santuário isoladamente.Com a falta de quórum, os delegados se reuniram a portas fechadas para tentar um acordo. Ficou decidido que a proposta pelo santuário será discutida novamente no próximo encontro, no Panamá, em 2012.
Caça as baleias no Japão |
Grupos de defesa dos animais criticaram o desfecho das negociações. "Obstruir uma votação por falta de quórum bem demonstra o mais completo desrespeito pelo mais essencial instrumento democrático utilizado no mundo para a formalização de acordos. A sociedade civil apoia o direito do Grupo de Buenos Aires de votar pela criação do Santuário do Atlântico Sul”, disse Marcela Vargas, gerente de programas da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) para a América Latina.
Apesar do revés, a convenção conseguiu avançar em um ponto. Os países concordaram em criar uma nova regulamentação para evitar escândalos de compra de votos. Nos últimos anos, os países baleeiros, principalmente o Japão, foram acusados de usar recursos de ajuda financeira a países da África e do Caribe em troca de votos favoráveis nas reuniões da convenção.
BC
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