sábado, 18 de junho de 2011

Crianças de Fukushima vão pôr na mochila aparelhos para medir radioatividade

Vão receber os aparelhos crianças a partir dos quatro anos de idade

Por Helena Geraldes, Jornal Público (Portugal)

     Cerca de 34 mil crianças de Fukushima, cidade do Norte do Japão próxima da central nuclear danificada, vão passar a levar na mochila aparelhos para medir a radioactividade, foi ontem revelado.

      Todas as crianças dos quatro aos 15 anos vão receber, em Setembro, estes aparelhos para medir a sua exposição à radioactividade, na sequência da crise nuclear desencadeada a 11 de Março. Durante três meses vão andar com eles para todo o lado.

      Além disso, os aparelhos também serão entregues aos pais de crianças com menos de três anos de idade, se os pedirem. Segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, o município de Fukushima vai recolher dados daqueles aparelhos uma vez por mês e analisá-los em cooperação com instituições de saúde.

      Uma iniciativa semelhante foi adoptada pelas cidades de Date e Kawamata, também na província de Fukushima. “Acreditamos que a distribuição destes aparelhos vai contribuir para tranquilizar as famílias se as medidas confirmarem que a saúde das crianças não está ameaçada”, comentou à agência AFP um responsável do município.

      Desde o começo da crise nuclear, os pais de Fukushima – capital da província com o mesmo nome, situada fora da zona de exclusão de 20 quilómetros em redor da central - têm levado as suas preocupações ao Governo de Tóquio, receando que as fugas de radioactividade possam aumentar as possibilidades de os seus filhos desenvolverem leucemia ou outros tipos de cancro. A 27 de Março, o Ministério da Educação respondeu dizendo que iria cumprir o limite de exposição à radioactividade dos alunos de 1 millisievert, ou menos, por ano, nos espaços escolares. Segundo a agência Kyodo, muitas escolas na província decidiram agir por si e proibiram os alunos de usar os pátios exteriores ou decidiram remover solo contaminado.

      Na semana passada, a organização ecologista Greenpeace apelou ao Governo nipónico para ordenar a retirada de crianças e grávidas da cidade de Fukushima.

Tepco vai “tapar” central nuclear

      Entretanto, continuam os trabalhos para tentar estabilizar a central de Fukushima 1. Ontem, a Tepco, empresa proprietária do complexo, revelou como pretende “tapar” os edifícios dos reactores.

       As coberturas, com estrutura de aço, terão 42 metros de comprimento e 54 metros de altura e ficarão assentes em quatro pilares que serão construídos em redor do edifício do reactor.

      De acordo com um comunicado da Tepco, “a cobertura pretende evitar a difusão de materiais radioactivos (libertados pelo reactor, vapor de água das piscinas de arrefecimento, detritos e poeiras tóxicas) e a entrada de água da chuva no interior dos edifícios dos reactores”. A Tepco garante que a estrutura “é segura contra sismos e ventos”.

      A empresa prevê instalar estas coberturas nos edifícios dos reactores 1, 3 e 4 a 27 de Junho. Mas para evitar a exposição dos funcionários à radioactividade, as várias partes da estrutura, cada uma com dezenas de metros de diâmetro, serão montadas num armazém da Tepco em Iwaki. Depois serão transportadas por um ferry até à central nuclear, onde serão instaladas com a ajuda de gruas.
      Apesar de tudo, a empresa explica que a instalação destas coberturas é uma “medida temporária de emergência, até que sejam iniciadas as medidas a médio prazo”. Hoje, o Governo japonês revelou que mais de 124 mil pessoas foram desalojadas pelo sismo e tsunami de 11 de Março e pela crise nuclear de Fukushima, noticiou a estação de televisão japonesa NHK. A 2 de Junho, mais de 41 mil pessoas ainda viviam em centros de acolhimento e 32.500 viviam com familiares e amigos.

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