domingo, 26 de junho de 2011

No Japão, outro reator nuclear testa a vontade do país

Engenheiros tentam recuperar reator Monju, para reutilização e eventual produção de combustível nuclear, após acidente em agosto

Por Hiroko Tabuchi, The New York Times

      A cerca de 450 quilômetros de Fukushima, em um reator nuclear empoleirado nas encostas da rústica península de Tsuruga, engenheiros estão envolvidos em outra luta precária.

      O protótipo Monju de um reator rápido - projeto nacional conturbado - tem ficado em precário estado de fechamento desde que um retransmissor contendo 3,3 toneladas de combustível colidiu com um cilindro de armazenamento interno do reator, cortando o acesso ao plutônio e às barras de combustível de urânio em seu centro.

      Desde o acidente, que aconteceu em agosto, engenheiros tentaram mais de 24 vezes recuperar o aparelho, que parece estar emperrado no local. Críticos, no entanto, alertam que o processo de recuperação está repleto de perigos, porque a usina utiliza grandes quantidades de sódio líquido, uma substância altamente inflamável, para esfriar o combustível nuclear.

      O reator Monju, que constitui o centro de um projeto nacional do Japão, um país pobre em recurso naturais, para a reutilização e eventual produção de combustível nuclear, mostra as tensões entre a escalada das ambições nucleares do Japão e os riscos inerentes.

       A usina, um projeto de US$ 12 bilhões, tem uma longa história de lapsos de segurança. Ela permaneceu fechada por 14 anos após um incêndio devastador em 1995, um dos mais graves acidentes nucleares do Japão antes da crise deste ano em Fukushima Daiichi. Oficiais distritais e municipais descobriram que a operadora da usina havia adulterado imagens de vídeo do fogo para esconder a dimensão do desastre.

Um gestor de alto escalão da fábrica cometeu suicídio recentemente, no dia em que agência de energia atômica do Japão anunciou que os esforços para recuperar o dispositivo custarão 1,75 milhões de ienes.

Falha tectônica

      Além disso, como vários outros reatores nucleares, Monju se encontra sobre uma falha tectônica ativa.
 
       Mesmo se o dispositivo puder ser removido, reiniciar o reator será algo arriscado, dado o seu histórico de segurança e seu uso de plutônio altamente tóxico como combustível, disse Hideyuki Ban, co-diretor do Centro de Informações Nucleares dos Cidadãos e membro de uma comissão governamental de aconselhamento sobre a política de energia nuclear a longo prazo do Japão.

       A usina fica a cerca de 90 quilômetros de Kyoto, uma cidade de 1,5 milhão de pessoas, e o design do reator rápido a torna mais propensa a reações do tipo que aconteceram em Chernobyl no caso de um acidente grave, dizem os críticos.

      "Digamos que eles consigam corrigir esse problema, que é muito complicado. O restante do reator permanece altamente perigoso", disse Ban. E um acidente em Monju teria consequências catastróficas para além do que estamos vendo em Fukushima?.

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