quinta-feira, 19 de maio de 2011

Estátuas haniwa contam história primitiva do Japão





Shibayama tem até um museu que conta a história do haniwa.
Essa ligação com as estatuetas se deu porque, em 1956, pesquisadores da
Universidade Waseda, de Tokyo, descobriram as tumbas na cidade.
Muitas peças foram recuperadas intactas e fazem parte do acervo do museu
 
    O Japão tem uma longa história. E ela começa a ser revelada recentemente, com a descoberta de milhares de tumbas de mais 1,5 mil anos espalhadas pelo arquipélago. Somente na província de Chiba, mais de 12 mil delas foram encontradas. Em Shibayama, foram 500. Em comum, as tumbas abrigam estatuetas que imitam as formas humanas e são chamadas de haniwa (algo como “figuras de barro”). Segundo a crença da época, elas eram utilizadas para proteger os senhores feudais dos maus espíritos. Esse ritual teve início partir do século 5, quando as colônias que abrigavam os clãs e senhores feudais reverenciavam os mortos construindo grandes túmulos, cujo tamanho correspondia à importância da pessoa enterrada.


    A descoberta das tumbas com os haniwa serviu para comprovar como viviam os antigos povos, somando-se aos registros da história do Japão. As estatuetas são de uma época em que não sobraram informações escritas - a partir da metade do século 5 até o início do século 7-, e por isso se tornaram peças fundamentais para desvendar a cultura e o modo de vida dos ancestrais. Em Shibayama, as ruínas de uma colônia na qualestão os restos das 500 tumbas deram à cidade o apelido de “vila do haniwa”. Nesse “cemitério” da elite feudal, localizado em uma colina, foi descoberta a maior tumba do Japão, com uma câmara, onde foi enterrado o clã Tonozuka. O túmulo de Tonozuka foi encontrado na parte sul da tumba. Em outra câmara, havia o túmulo de uma princesa. Além dos haniwa em forma de pessoas, animais e casas, os arqueólogos descobriram peças dos séculos 6 e 7, como armaduras, punhais, espadas, taças de bronze e anéis de ouro.

    A cidade de Shibayama conta ainda com o Haniwa Matsuri, no qual os moradores vestem roupas típicas. Eles fazem uma procissão carregando mikoshis (carros enfeitados) e oram pelo futuro das crianças até o templo Kagura.

   Na época das tumbas, a península Boso (atual Chiba) era formada por 11 colônias - normalmente localizadas próximas aos rios, em partes elevadas. A que ficava na região de Shibayama se chamava Musa. Cada colônia era formada por dezenas de habitações, com espaços para a agricultura e a realização de festivais. O arroz era o cultivo principal. O haniwa também faz parte da história das cidades de Komatsu, na província de Ishikawa, cujo museu municipal tem um setor com as estatuetas, e Konan, em Saitama. Nesses lugares, a história primitiva do Japão faz parte da vida dos moradores e é um prato cheio para os amantes da arqueologia.

Lembranças históricas:



      Hamamatsu, na província de Shizuoka, tem uma das poucas lojas no Japão que comercializam o haniwa, atualmente utilizado como objeto de decoração, pois os japoneses acreditam que ele traz proteção. Confeccionadas em argila, as estatuetas não custam mais que 3 mil ienes (27,5 dólares), conforme o tamanho. A loja existe desde 1935 e nem a Segunda Guerra Mundial fez com que a família desistisse do negócio. “Nossa loja foi destruída, mas decidimos reconstruí-la”, conta Hisako Suzuki, 79 anos, integrante da primeira geração que administrou o comércio. A loja comercializa outros objetos, como o Fukusuke, o Tanuki (roedor conhecido no Brasil como texugo, para trazer prosperidade ao comércio) e o Maneki-neko (gato da sorte). O Fukusuke é um boneco de cerâmica (ou gesso) que tem a cabeça maior que o corpo e traz sorte e felicidade.

Reportagem: Claudio Endo, de Shizuoka

Nenhum comentário:

Postar um comentário