quarta-feira, 11 de maio de 2011

Moradores de Fukushima voltam às suas casas pela 1ª vez após crise



Moradores separam seus pertences durante rápida visita às suas casas em Fukushima após crise nuclear
 

















     Com trajes de proteção brancos, máscaras e medidores de radiação, quase cem deslocados pela crise na usina nuclear de Fukushima (Japão) retornaram às suas casas nesta terça-feira para recolher pertences.

     No total, 92 residentes do povoado de Kawauchi foram os primeiros deslocados a entrarem no perímetro de exclusão de 20 quilômetros ao redor da central, informou a emissora NHK. Os retirados de outros oito municípios afetados pelas emissões da central poderão visitar seus lares durante esta semana.

     Em 22 de abril, o governo declarou ilegal a entrada em um raio de 20 quilômetros da usina nuclear de Fukushima Daiichi, danificada pelo terremoto e o devastador tsunami de 11 de março, em catástrofe que deixou 14.919 mortos e 9.893 desaparecidos, segundo o último boletim.

     No território transformado em zona de exclusão viviam em torno de 80 mil pessoas antes do tsunami, que desencadeou uma grave crise nuclear ao paralisar o sistema de resfriamento da central.

    A urgência da situação de 11 de março fez com que os moradores deixassem para trás documentos de identidade, dinheiro, passaportes e pertences importantes em suas casas, e por isso haviam pedido ao governo para que fossem autorizados a retornarem a seus lares.


Moradores de Fukushima voltam às suas casas pela 1ª vez; eles usam trajes especiais de proteção à radiação
       Durante duas horas, os moradores de Kawauchi recolheram os pertences que cabiam na bolsa de 70 x 70 centímetros disponibilizada e revisaram o estado no qual se encontram seus animais de estimação e animais de fazenda. Os deslocados também usavam luvas e levaram "walkie talkies" para comunicar-se com o exterior caso fosse necessário.

       Depois, um ônibus do governo os transportou para um ginásio onde todos foram submetidos a um exame para detectar seu nível de exposição à radiação. Antes de entrar, os evacuados protestaram ao serem obrigados a assinar um documento no qual admitiam ter entrado na área restrita por responsabilidade própria, informou a agência Kyodo.

       O povoado de Iitate decidiu nesta terça-feira que retirará os primeiros residentes após o pedido do governo de abandonar o município de maneira escalonada antes do final de maio devido à radiação acumulada. Cerca de 400 moradores serão alocados em hotéis e outras instalações, embora a Prefeitura acredite ser difícil retirar todos os seus cidadãos no prazo estipulado.
PAPEL-CHAVE

Primeiro-ministro japonês, Naoto Kan
       O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, disse nesta terça-feira que a energia nuclear vai continuar a desempenhar um papel significativo nas polítiticas energéticas do país, embora a energia renovável também seja um pilar-chave dessa política.

       O governo está revisando sua política energética de longo prazo e o papel da energia nuclear após os devastadores terremoto e tsunami de 11 de março desativarem o sistema de refrigeração de uma usina nuclear em Fukushima, no nordeste do Japão, provocando uma batalha ainda em andamento para conter vazamentos radioativos.

       Kan disse em entrevista coletiva que o Japão precisa revisar sua política energética básica sem qualquer ideia pré-concebida, ao mesmo tempo que busca garantir o uso mais seguro da energia nuclear e persegue fontes renováveis, como eólica, solar e biomassa.

       "A atual política energética básica visa que mais de 50 por cento do fornecimento total de eletricidade venham da energia nuclear, enquanto cerca de 20 % virão de fontes renováveis em 2030. Mas agora esse plano básico precisa ser revisado do zero após esse grande incidente", disse Kan.

       O premiê afirmou que a energia nuclear e a fóssil têm sido componentes fundamentais da política energética do Japão, mas que agora o país tem de colocar mais ênfase na energia solar e outras fontes renováveis, setor em que o Japão está atrasado globalmente. Conservar energia também será vital para essa política energética de longo prazo. Kan disse que o Japão precisará conduzir uma investigação sobre o incidente nuclear e aumentar a segurança em suas usinas nucleares.

DA EFE, EM TÓQUIO
DA REUTERS
Folha Online

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