Munte Fuji (富士山) |
Tema:Ecologia
Autor: Agência Fapesp
Maior pico do Japão e um dos mais conhecidos do planeta, o Monte Fuji é na realidade um vulcão, cuja última erupção aconteceu há três séculos. Mais exatamente em 16 de dezembro de 1707, quando lançou uma chuva de cinco centímetros de cinzas sobre a então capital do país, Edo. A formação de 3.776 metros, situada entre as províncias de Yamanashi e Shizuoka, é o principal ícone geológico do Japão, objeto da peregrinação anual de mais de 300 mil alpinistas e turistas que fazem o caminho até o seu cume. Outros milhões o observam a distância, especialmente das janelas dos trens-bala que cortam o país.
Entretanto, a placidez que a montanha transmite traz escondida um perigo. “Todos só vêem sua beleza e só vão acreditar que ela pode explodir quando isso acontecer”, disse o geólogo Masato Koyama, da Universidade de Shizuoka, em notícia publicada na edição de 4 de março da revista Nature. Em outubro de 2000, cientistas detectaram ondas de leves terremotos a pouco mais de dez quilômetros abaixo da superfície, que continuaram pelos oito meses seguintes. No mês de maior freqüência, abril de 2001, mais de 100 tremores foram registrados, número muito superior aos 15 em média verificados nas duas décadas anteriores.
Apesar de não terem sido sentidos na superfície, os movimentos mostraram que o magma sob o monte continua se movendo. Foi o suficiente para que o governo japonês lançasse um programa de mais de US$ 9 milhões, que envolve vários centros de pesquisa do país para tentar descobrir quando poderá ser a próxima erupção. Caso o Fuji acorde, as conseqüências podem ser desastrosas. “Em nenhum país do mundo uma capital do tamanho de Tóquio está tão próxima de um grande vulcão”, disse Koyama. A cidade está a apenas 100 quilômetros do monte. Em dias claros, ele é visível a partir dos prédios mais altos da metrópole.
De acordo com o cientista, na melhor das hipóteses as cinzas atrapalhariam o tráfego de automóveis, impediriam aviões de decolar ou pousar e danificariam discos rígidos de computadores. Se a erupção acontecer no verão, a situação pode ganhar contornos dramáticos, pois se trata do período em que cerca de 20 milhões de japoneses todos os anos se dirigem a parques de diversões, campos de golfe e estações termais, localizados próximos ao monte.
Os cientistas envolvidos no projeto descobriram recentemente que a erupção de 1707 não se encaixa nos modelos usuais de vulcanismo. Registros históricos afirmam que o evento foi extremamente violento, mas o Fuji é formado quase que inteiramente por um tipo de rocha vulcânica conhecida como basalto. De acordo com teorias geológicas, vulcões desse tipo não explodem violentamente, pois o basalto jorra livremente e não acumula gás dentro do vulcão.
“A erupção de 1707 parece ser uma exceção que desafia a teoria”, disse Yoshiaki Ida, do Instituto de Tecnologia de Himeji, à Nature. Para complicar ainda mais o estudo, o evento ocorrido há três séculos, que durou duas semanas, teve sua intensidade aumentada com o passar dos dias e não diminuída, como seria de se esperar. Em maio, os cientistas envolvidos no projeto deverão divulgar os primeiros resultados da pesquisa que pretende explicar as particularidades do Monte Fuji e, mais importante, calcular quando acontecerá a próxima erupção.
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